sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Álcool em gel e fogo: conheça os perigos que a combinação pode causar

A crise sanitária mundial causada pela Covid-19 popularizou o uso do álcool em gel como um dos principais métodos para prevenir a contaminação pelo vírus. O consumo desenfreado ocasionou a redução do produto nas prateleiras de farmácias, lojas e supermercados. 

Receitas caseiras disponíveis na internet para produzir o álcool em gel têm se popularizado, além do uso em excesso da substância no cotidiano. Emanuelle de Oliveira Sancho, doutora em Engenharia Química e Ciência de Materiais e professora do cursos de Engenharia Mecânica e Elétrica da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, enfatiza que o álcool em gel é altamente inflamável, assim como o líquido, capaz de provocar acidentes severos quando posto em contato com o fogo.

Ainda segundo a especialista é recomendado aplicar o álcool em gel longe das fontes de fogo, como fogão, isqueiro ou fósforos. Além disso, seu uso exacerbado pode ser prejudicial à saúde. “O aumento de casos por intoxicação em 2020 demonstram a importância da adoção de ações preventivas direcionadas, principalmente, ao público infantil. É suficiente, por exemplo, lavar as mãos das crianças com água e sabonete e restringir o álcool em gel para as ocasiões em que a higienização das mãos não é possível”, destaca.

E quanto ao álcool em gel caseiro? Apresenta a mesma eficácia do comercializado? Rosa Araújo, professora de química dos cursos de Engenharia pertencentes ao Centro de Ciências Tecnológicas (CCT) da Universidade de Fortaleza, afirma que os produtos caseiros são ineficazes pela falta de condição no controle de qualidade. “Para produzir o álcool em gel, uma empresa precisa ser legalizada e com registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Quanto aos riscos de acidentes por proximidade com o fogo é igual ao produto comercializado. A preocupação é em relação a preparação correta, a qualidade do produto e sua eficácia que se relaciona com o teor de álcool etílico presente”, explana ela.

Emanuelle ressalta que a ANVISA não recomenda o uso de produtos caseiros para a prevenção contra o coronavírus. “É necessário ter cuidado com informações compartilhadas por meio de aplicativos, como ‘dicas’ de uso de substâncias químicas para a produção caseira de produtos saneantes. Isso não é recomendável e pode colocar a sua saúde e a de outras pessoas em risco, em especial pela falta de eficácia. Além disso, há riscos de acidentes que podem provocar queimaduras, intoxicação e irritações”, enfatiza a professora. 

Estou usando um produto confiável?

Para identificar se um álcool em gel é verdadeiro, é necessário atentar-se a alguns indícios. A professora Rosa Araújo comenta que a sensação pegajosa nas mãos é um dos aspectos notórios. “Não é algo fácil de ser detectado apenas pela aparência do material. Para ter certeza da qualidade do produto é importante que ele seja adquirido em farmácias ou supermercados; verificar as informações do rótulo; dados do fabricante; registro da empresa ANVISA; lote, data de fabricação e validade; responsável técnico que pode ser um químico ou farmacêutico. Produto muito barato também pode sugerir que seja falso”, completa ela.

Entre as principais diferenças na composição do álcool em gel caseiro para o comercializado, está que o produto caseiro é produzido com gelatina ou gel de cabelo como espessante. “Um problema com o produto caseiro é a concentração correta do álcool. O produto com um teor muito inferior ou muito superior a 70% não terá eficácia. A faixa correta é de 60 a 80%. O produto feito em casa não tem como garantir que estará com a quantidade de álcool adequada para combater o vírus”, explica Rosa Araújo.

A professora Emanuelle de Oliveira conclui que se não for possível adquirir o produto por fornecedores autorizados, é preferível substituir seu uso por água e sabão. “Lavar as mãos é tão eficiente na prevenção da Covid-19 quanto usar álcool em gel”, completa. 


Fonte: UniFor