terça-feira, 16 de novembro de 2021

Dor de cabeça: quando começar a se preocupar


A dor de cabeça é uma dos motivos mais comuns pelos quais os pacientes procuram atendimento, talvez não haja no mundo quem nunca sentiu uma dor de cabeça. É muito possível que tenha acontecido após um dia de muito trabalho, uma noite mal dormida, uma ressaca alcoólica e dentre outras tantas situações que podem evocar o sintoma. Entretanto, são situações que não devemos nos preocupar tanto, já que sabemos tratar-se de condições até certo ponto momentâneas ou passageiras.

Em um estudo internacional de base populacional, que analisou a prevalência ao longo da vida de distúrbios primários da dor de cabeça, a mais comumente encontrada foi a cefaleia tensional, com uma prevalência de 78%, apesar de não gerar grandes incapacidades, devido aos sintomas serem de leve a moderado, podem ser perturbadoras e tornarem-se crônicas.

Quando devemos nos preocupar com a dor de cabeça?

Muitos temem as dores de cabeça, causadas por doenças intracranianas, como tumores, no entanto, isso ocorre em uma pequena porcentagem da população (cerca de 0,5%). A chave para identificar esses pacientes, é realizar uma anamnese completa e um bom exame físico. Se características atípicas ou sinais preocupantes forem encontrados no exame, novos testes diagnósticos devem ser considerados (como exames de imagens). Atenção para as conhecidas RED FLAGS!

O US Headache Consortium, realizou uma metanálise de pacientes com enxaqueca e relataram uma taxa de lesões intracranianas são de apenas 0,18%.

Os componentes importantes da história são:

  • Idade do inicio dos sintomas ;
  • Localização da dor ;
  • Duração média do ataque;
  • Gravidade e qualidade da dor ;
  • Fatores agravantes e desencadeantes ;
  • Histórico familiar ;
  • Avaliação da incapacidade para dor de cabeça (MIDAS, HIT-6).

Existe alguns sinais de alerta específicos para a dor de cabeça secundária:

  • Dor de cabeça que se apresenta com enxaqueca com aura, com duração maior que 60 minutos ;
  • Dor de cabeça com náusea, fotofobia, fonofobia ou latejante;
  • Dor de cabeça que não possuem os critérios para enxaqueca ou cefaleia tensional;
  • Não responder as terapias normais ;
  • Dor de cabeça com inicio após os 50 anos ;
  • Associada a sinais sistêmicos
  • Trauma recente na cabeça
  • Histórico de câncer
  • Diplopia, ptose de pálpebra e embaçamento da visão
  • Problema com a fala e deglutição
  • Dor de cabeça após esforços
  • Piora progressiva na dor de cabeça
  • Fraquezas progressivas, ausências , convulsões e alterações mentais.

Estudos revelam que mais de 40% dos pacientes, possuem diagnostico errado e dessa forma são tratados erroneamente, elevando os custos. No total, os dias de trabalhos perdidos por conta da dor de cabeça, custaram 8 bilhões de dólares, aos empregadores nos EUA anualmente . Alguns pacientes com dores de cabeça irão trabalhar, mas são menos produtivos, gerando um custo ainda maior aos empregadores, cerca de 13 bilhões de dólares, como mostrou o estudo.

Os fatores de risco para um paciente com dor de cabeça episódica, virar uma dor crônica , incluem mais fatores emocionais do que fatores físicos, dentre os fatores psicossociais, encontram-se:

  • Humor deprimido ;
  • Alto conflito;
  • Tensão muscular percebida
  • Alta liderança empoderadora;
  • ansiedade;
  • Cognição negativa 
Dor de cabeça e ajuda especializada

Por esse motivo, é importante procurar um profissional qualificado, com o objetivo de realizar um tratamento adequado e que consiga haja um gerenciamento melhor da doença, evitando que cefaleias diagnosticadas como episódicas, se transformem em cefaleias crônicas (por exemplo), reduzindo a qualidade de vida dessas pessoas e onerando o sistema de saúde e gerando prejuízos financeiros aos planos de saúde e ao Estado, através dos muitos exames de imagem e clínicos realizados sem necessidade e pelos tratamentos com baixos poderes resolutivos. A grande maioria das pessoas utilizam como tratamento de primeira linha o farmacológico, no entanto a cronicidade dos distúrbios, podem aumentar por uso excessivo de medicamentos. Por esses motivos, devemos nos preocupar em procurar sempre um bom profissional, para que possa ser definido um melhor tratamento, após um diagnostico preciso.



Fonte: Marcio Quirino – EQUIPE HEAD & NECK FISIOTERAPIA