O vício em praticar atividades
físicas se mostra 3,7 vezes mais comum entre pessoas que apresentam
características de um distúrbio alimentar em relação às pessoas sem qualquer
transtorno do gênero.
Um estudo comandado por Mike
Trott, pesquisador da área de ciência do esporte e exercício da Universidade de
Anglia Ruskin, no Reino Unido. Publicado recentemente na revista científica
Eating and Weight Disorders – Studies on Anorexia, Bulimia and Obesity, é
pioneiro na mensuração das taxas de dependência de exercícios físicos em grupos
com e sem transtornos alimentares, como bulimia, anorexia e compulsão
alimentar, entre outros.
A pesquisa avaliou dados de 2.140
pacientes com idade média de 25 anos e que participaram de nove estudos
diferentes, realizados nos Estados Unidos, Austrália, Itália e Reino Unido.
Dessa amostra, 408 pacientes que apresentaram qualquer relação negativa ou
compulsiva com os alimentos, apresentaram um risco 3,7 vezes maior de se
viciarem em exercícios físicos.
“É DE CONHECIMENTO DA MEDICINA
QUE PESSOAS COM DISTÚRBIOS ALIMENTARES APRESENTAM MAIS CHANCES DE EXIBIR
PERSONALIDADE DEPENDENTE E COMPORTAMENTOS OBSESSIVO-COMPULSIVOS EM OUTRAS
ÁREAS, MAS ESTA É A PRIMEIRA VEZ QUE O RISCO DE DEPENDÊNCIA DESSES PACIENTES EM
RELAÇÃO AO EXERCÍCIO FÍSICO É CALCULADO”, COMENTOU O AUTOR DO ESTUDO.
A explicação do autor reside no
fato de que as dependências, sejam pelo que for – comida, compras ou sexo – se
processam no sistema cerebral de recompensa. Trata-se de um sistema que aciona
estruturas cerebrais durante a realização de ações entendidas como
satisfatórias. As substâncias que são liberadas após esse acionamento, são
responsáveis por uma sensação de bem-estar.
Contudo, é preciso considerar
fatores como a predisposição genética, as condições ambientais, entre outros,
que podem levar o sujeito a desenvolver uma vontade permanente de sentir mais e
mais o bem-estar garantido por meio das atividades, que servem de gatilho. Por
esse motivo, é comum que os indivíduos desenvolvam mais de um tipo de
compulsão.
O estudo é importante para que
educadores físicos e profissionais de saúde se atentem aos sinais de pessoas
que parecem exagerar na prática de atividades físicas e intervenham para que o
problema não se torne uma compulsão.
Fonte: Uol