Você conhece o exame de homocisteína? Este é um teste sanguíneo que avalia os riscos de doenças cardiovasculares, neurológicas, hormonais, renais, ósseas e oftalmológicas.
O QUE É HOMOCISTEÍNA?
Homocisteína é um aminoácido formado a partir do metabolismo da metionina (aminoácido essencial, mas que não é produzido naturalmente pelo organismo).
Em condições normais, a homocisteína é encontrada em pequenas quantidades no plasma do sangue. Contudo, algumas pessoas podem apresentar níveis elevados desse composto (condição chamada de hiper-homocisteinemia), o que representa um risco à saúde.
Uma possível explicação para o aumento do aminoácido no organismo é uma doença hereditária rara chamada homocistinúria. Na patologia, há uma deficiência nas enzimas que processam a metionina. Consequentemente, esse distúrbio metabólico leva ao acúmulo de homocisteína no sangue, na urina e nos tecidos.
Mas, a elevação dos níveis do aminoácido pode ainda estar relacionada a fatores nutricionais. Isso porque a formação da homocisteína depende do consumo de proteínas (em especial carnes vermelhas), geralmente. Já a sua regulação no organismo está relacionada a vitaminas do complexo B (B6, B9 e B12). Portanto, consumo excessivo de proteínas e escasso de vitamina B também resulta em desequilíbrio metabólico.
QUANDO A HOMOCISTEÍNA É PREOCUPANTE?
O aumento da homocisteína no sangue representa um risco à saúde. A razão é que o acúmulo do aminoácido causa lesões na parede dos vasos sanguíneos, o que diminui o fluxo de sangue. Assim, aumentam os riscos de formação de coágulos, além de patologias cardiovasculares e cerebrovasculares, entre outros distúrbios.
A homocisteína alta pode provocar doenças como:
- Acidente Vascular Cerebral (AVC);
- Doença arterial coronariana;
- Angina instável;
- Infarto do miocárdio;
- Aterosclerose (enrijecimento das artérias) e doença arterial periférica;
- Trombose venosa profunda;
- Embolia pulmonar;
- Hipertensão;
- Distúrbios na tireoide;
- Diabetes;
- Doenças renais;
- Complicações neurológicas (como Alzheimer) e distúrbios psiquiátricos;
- Convulsões;
- Problemas ósseos (osteoporose) e articulares;
- Escoliose;
- Distúrbios oftalmológicos (catarata, miopia grave, descolamento da retina);
- Complicações na gravidez.
PARA QUE SERVE O EXAME DE HOMOCISTEÍNA?
O exame de homocisteína pode ser indicado por diferentes especialidades médicas. Por exemplo, cardiologistas, neurologistas, endocrinologistas, nefrologistas, oftalmologistas, ginecologistas, reumatologistas etc.
Esse teste pode servir para monitorar os riscos de distúrbios cardíacos, neurológicos e vasculares. Além disso, é um exame importante de ser feito quando a mulher deseja engravidar e durante o pré-natal.
Algumas das principais razões para fazer o exame de homocisteína são:
- Suspeita de deficiência de vitamina B6, B9 (ácido fólico) e B12;
- Histórico de infarto ou AVC sem que o paciente tenha os fatores de risco principais;
- Avaliação de riscos de problemas cardiovasculares;
- Avaliação de riscos de trombose;
- Avaliação de fatores de risco para osteoporose;
- Monitoramento de alterações na tireoide;
- Suspeitas de doenças renais.
O exame de homocisteína é feito com coleta de sangue. O teste necessita de jejum, contudo, o tempo exato deste pode variar. Por isso, é importante se informar com o laboratório sobre a preparação necessária para fazer o exame corretamente.
QUANDO A HOMOCISTEÍNA É CONSIDERADA ALTA?
Os valores de referência do exame de homocisteína podem ter pequenas variações dependendo do laboratório. Contudo, em geral, os resultados são interpretados assim:
- Níveis de homocisteína considerados normais: entre 5 e 15 µmol/L;
- Níveis de homocisteína considerados de risco baixo: entre 15 e 30 µmol/L;
- Níveis de homocisteína considerados de risco intermediário: entre 30 e 100 µmol/L;
- Níveis de homocisteína considerados de alto risco: maiores do que 100 µmol/L.
Como dito anteriormente, os valores elevados de homocisteína no exame podem ser indicativos de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. Porém, também há outras explicações para o aumento desse aminoácido na corrente sanguínea.
Por exemplo, fatores nutricionais, como o consumo excessivo de proteína. Deficiência de vitamina B (principalmente B6, B12 e ácido fólico) pode ser outro motivo para o desequilíbrio da homocisteína.
Distúrbios hormonais como hipotireoidismo também podem estar por trás do aumento do aminoácido no plasma sanguíneo. Essa condição também aumenta os riscos de doenças cardiovasculares, portanto merece atenção especial.
Outra condição médica que causa alerta para problemas vasculares é a infecção por Covid-19. Isso porque o novo Coronavírus pode aumentar as chances de formação de coágulos sanguíneos, resultando em trombose venosa profunda.
Por sua vez, psoríase, tabagismo, consumo excessivo de cafeína e sedentarismo são outros motivos para o aumento da homocisteína no organismo.
Certos medicamentos também podem desequilibrar o metabolismo do aminoácido. Por exemplo, alguns remédios usados em tratamento de quimioterapia, doenças autoimunes (psoríase, artrite reumatoide, síndrome nefrótica, uveíte) e infecções (respiratórias, renais). Anticonvulsionantes e medicações para prevenir rejeição a transplante de órgãos também podem alterar os níveis de homocisteína.
HOMOCISTEÍNA BAIXA É GRAVE?
Os maiores perigos envolvendo esse aminoácido estão relacionados ao seu alto nível no sangue (hiper-homocisteinemia). Portanto, números um pouco abaixo do padrão não são perigosos.
Contudo, quando a homocisteína é encontrada em valores menores do 5 µmol/L, há riscos à saúde. Assim, a produção de antioxidantes é muito baixa no organismo. Isso pode resultar em acúmulo de substâncias tóxicas no sangue, estresse oxidativo e morte celular.
A explicação para a homocisteína baixa também pode estar relacionada a alterações no metabolismo e a disfunções enzimáticas. Contudo, é possível apresentar valores baixos desse aminoácido por fatores nutricionais. Como, por exemplo, o alto consumo de vitaminas B6, B12 e ácido fólico. A ingestão dessas vitaminas pode estar excessiva na dieta ou em suplementação alimentar (algo comum na gravidez).
COMO CONTROLAR A HOMOCISTEÍNA?
Os níveis de homocisteína são alterados por fatores nutricionais, hormonais, fisiológicos ou genéticos. Portanto, é necessário um trabalho conjunto de médicos e nutricionistas para equilibrar esse aminoácido no sangue do paciente.
Como os valores elevados trazem mais riscos à saúde, algumas mudanças devem ser realizadas logo após o resultado do exame. Alterações na dieta são o primeiro passo para reduzir a homocisteína, como, por exemplo:
- Aumento de alimentos com vitaminas B6, B12 e ácido fólico (vegetais, verduras, leguminosas, cereais integrais);
- Redução do consumo de proteínas (principalmente de carne vermelha);
- Redução do consumo de cafeína;
Em alguns casos, pode ser necessário fazer suplementação alimentar com vitaminas do complexo B. Porém, os suplementos só devem ser tomados com indicação e acompanhamento médico.
Além disso, parar de fumar e praticar atividade física são outras medidas essenciais para diminuir os níveis do aminoácido no sangue.
Já se os valores do exame estiverem muito baixos, outras mudanças são necessárias. Para aumentar a homocisteína, o médico pode suspender ou reduzir o uso de suplementos de vitaminas do complexo B. Aumentar a ingestão de proteína (respeitando o limite de consumo) também pode ser necessário se o paciente tiver deficiência deste nutriente.
Porém, em todos os casos, é necessário fazer acompanhamento médico e exames de rotina. Principalmente, se você tem fatores de risco para doenças vasculares e renais, distúrbios da tireoide e outras condições associadas ao aumento da homocisteína.
Fonte: Central de Cosnultas