Educação emocional nas escolas: como ensinar crianças a lidarem com suas emoções?

Chorar de raiva, não conseguir esperar a vez de falar, explodir em frustração ou se fechar completamente diante de um conflito… Situações como essas são comuns na infância — e absolutamente normais. Mas e se as crianças pudessem aprender, desde cedo, a reconhecer e lidar com essas emoções de forma saudável?

É aí que entra a educação emocional, uma abordagem que ganha cada vez mais espaço nas escolas e mostra resultados surpreendentes não só no comportamento, mas também no aprendizado.

Por que ensinar habilidades socioemocionais na escola?

Durante muito tempo, o foco da educação esteve apenas no desenvolvimento cognitivo: matemática, português, ciências. Mas as emoções também aprendem — e influenciam diretamente a forma como a criança se relaciona com o mundo.

🧠 “Crianças que sabem reconhecer e regular suas emoções têm mais facilidade para aprender, se comunicar, resolver conflitos e tomar decisões responsáveis”, afirma a psicopedagoga Mariana Lacerda.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), inclusive, já prevê o desenvolvimento de competências socioemocionais, como empatia, responsabilidade e autoconhecimento.

O que é, na prática, educação emocional?

Educação emocional vai muito além de “ensinar a criança a não brigar”. Envolve:

  • Nomear emoções: saber diferenciar raiva de frustração, tristeza de decepção

  • Autorregulação: aprender a respirar fundo, esperar, pedir ajuda

  • Empatia e escuta ativa: perceber o outro e se colocar no lugar dele

  • Resolução de conflitos: encontrar formas pacíficas e criativas de resolver problemas

Tudo isso pode ser ensinado por meio de brincadeiras, rodas de conversa, histórias, teatro e dinâmicas em grupo.

Exemplos reais: escolas que estão ensinando com o coração

Algumas escolas públicas e privadas já incluem a educação emocional como parte estruturante do currículo. Veja dois exemplos inspiradores:

📍 Escola Municipal Gabriela Mistral – Belo Horizonte (MG)

Adotou o projeto “Círculos de Paz”, que promove encontros semanais para os alunos expressarem sentimentos e resolverem conflitos de forma coletiva.
Resultado: Redução significativa de casos de agressividade no pátio.

📍 Colégio Equilibrium – São Paulo (SP)

Utiliza a técnica do “Cantinho da Calma” nas salas de aula: um espaço onde os alunos podem ir quando estão sobrecarregados ou frustrados, com livros, almofadas e cartazes com dicas de respiração.
Resultado: Melhora no clima escolar e maior autonomia emocional dos alunos.

O papel do educador: ensinar com afeto e presença

Os professores são peças-chave nesse processo. Para isso, também precisam de formação continuada e apoio da gestão escolar.

“Educar emocionalmente é diferente de disciplinar. Envolve acolher, nomear e dar repertório. E isso exige que o educador também conheça e cuide das suas próprias emoções”, lembra a psicóloga escolar Juliana Ribeiro.

Quer começar? Dicas práticas para escolas e famílias

  • Trabalhe com histórias infantis que abordem sentimentos: livros como O Monstro das Cores ou A Parte que Falta são ótimos aliados.

  • Use a Roda das Emoções: peça para os alunos apontarem como estão se sentindo no início da aula.

  • Ensine técnicas de respiração e mindfulness: simples e eficazes para todos.

  • Integre a família: a escola sozinha não dá conta. Encontros e oficinas com pais ajudam a reforçar o aprendizado em casa.


Ensinar crianças a lidarem com as emoções é tão essencial quanto alfabetizá-las. E mais do que melhorar o comportamento, a educação emocional prepara os pequenos para a vida. Afinal, inteligência emocional é uma das maiores competências do século XXI — e começa ali, na sala de aula, com escuta, acolhimento e afeto.


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