Em meio à correria do dia a dia, muitas vezes negligenciamos o estado da nossa casa sem perceber que o ambiente em que vivemos influencia diretamente a forma como nos sentimos. Estudos mostram que a desordem visual pode elevar os níveis de cortisol — o hormônio do estresse — e aumentar a sensação de sobrecarga mental. Por outro lado, manter uma casa organizada pode contribuir significativamente para a redução da ansiedade e a melhoria do bem-estar emocional.
A bagunça como gatilho de estresse
Para a psicóloga Thaís Monteiro, especialista em comportamento e saúde mental, a bagunça não afeta apenas o ambiente físico, mas também o psicológico:
“O acúmulo de objetos, a falta de rotina e a desorganização visual geram a sensação constante de que algo está fora do lugar — e isso reflete na mente. Muita gente não percebe, mas se sente exausta justamente porque o ambiente em que vive não permite descanso real.”
A mente interpreta os espaços desorganizados como “tarefas não concluídas”, o que alimenta um ciclo de ansiedade e frustração.
Organização como autocuidado
Mais do que uma atividade doméstica, a organização pode ser um ato de autocuidado. Criar ambientes funcionais, limpos e harmônicos ajuda a dar clareza mental, melhora o foco e traz sensação de controle — especialmente importante para quem vive com ansiedade ou TDAH.
A personal organizer Lúcia Andrade explica que organizar a casa não precisa ser uma tarefa difícil ou demorada:
“É possível começar com 15 minutos por dia, o que já faz uma diferença enorme. Pequenos hábitos diários mantêm a casa em ordem e aliviam a sobrecarga.”
Métodos que funcionam: FlyLady e Marie Kondo adaptada
Duas abordagens populares podem ajudar quem deseja começar:
🔹 FlyLady
Criado pela americana Marla Cilley, esse método é ideal para quem se sente sobrecarregado e não sabe por onde começar. Ele propõe:
-
Rotinas de 15 minutos diários;
-
Organização por zonas (ex: uma semana para a cozinha, outra para o banheiro);
-
Criação de hábitos simples, como limpar a pia todas as noites;
-
Estímulo ao autocuidado (roupas confortáveis, tempo para si).
É um método muito adaptável à realidade brasileira, especialmente para quem trabalha fora ou cuida de filhos pequenos.
🔹 Marie Kondo adaptada ao Brasil
A japonesa Marie Kondo ficou famosa por seu método de organização baseado na ideia de manter apenas o que "traz alegria". Apesar de sua abordagem original exigir dedicação intensa, muitos brasileiros adaptaram seus princípios:
-
Organize por categorias (roupas, livros, papéis, etc.);
-
Desapegue com consciência: doe, venda ou recicle o que não usa;
-
Use caixas organizadoras simples, potes de vidro e etiquetas feitas em casa.
Dicas práticas por ambiente
🛏️ Quarto
-
Mantenha apenas itens necessários ao redor da cama;
-
Gavetas e guarda-roupa: uma sessão de 30 minutos para doação e separação já faz milagres;
-
Evite eletrônicos e papéis no criado-mudo.
🍳 Cozinha
-
Limpe a pia todas as noites (regra de ouro do FlyLady!);
-
Guarde os utensílios por tipo e frequência de uso;
-
Deixe alimentos vencidos fora da despensa e da geladeira.
💻 Home Office
-
Um espaço de trabalho limpo e claro melhora o foco;
-
Use caixas ou pastas para documentos importantes;
-
Evite empilhar objetos ou papéis sem função sobre a mesa.
Organização é processo, não perfeição
Vale lembrar: a organização não precisa ser perfeita para ser eficiente. Um espaço minimamente funcional, com itens úteis e visivelmente agradáveis, já promove alívio imediato.
Como resume a psicóloga Thaís Monteiro:
“Mais do que uma casa perfeita, o que precisamos é de ambientes que nos acolham. Um lar organizado é um refúgio para a mente cansada.”
Gostou da matéria? Que tal começar hoje com 15 minutos de organização em um cômodo e ver a diferença que isso faz no seu dia?
Viver Notícia
0 Comentários